23 Agosto 2025

HMM Enfrenta Incertezas no Mercado de Contêineres e Tem Preço-Alvo Reduzido

A corretora iM Securities anunciou nesta quinta-feira (14) a redução do preço-alvo para as ações da HMM, citando a contínua incerteza no mercado global de transporte de contêineres. Apesar da revisão para baixo, de aproximadamente R$ 121 para R$ 113 por ação, a recomendação de “Compra” foi mantida. A decisão leva em conta o robusto plano da empresa de recomprar e cancelar ações no valor de cerca de R$ 7,8 bilhões, cujo cronograma e metodologia são aguardados com grande expectativa pelo mercado.

Desempenho do Segundo Trimestre Abaixo das Expectativas

Os resultados financeiros da HMM no segundo trimestre ficaram aquém do esperado. A companhia registrou uma receita consolidada de R$ 10,14 bilhões e um lucro operacional de R$ 909,5 milhões. Esses números representam quedas de 1,5% e 63,8%, respectivamente, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O lucro operacional, em particular, ficou 40% abaixo do consenso de mercado.

Segundo analistas, o desempenho fraco pode ser atribuído a dois fatores principais: o impacto da recuperação dos fretes não foi totalmente refletido no balanço e houve um aumento significativo nos custos operacionais, como as taxas de manuseio de carga. Kang Seong-jin, outro analista do setor, destacou que “o lucro operacional diminuiu mais do que o previsto devido ao efeito de base de comparação com as altas taxas de frete do ano passado, ao agravamento do excesso de oferta de navios porta-contêineres e a um aumento súbito nos custos de frete”.

Cenário de Mercado Incerto

O panorama para o setor de transporte marítimo de contêineres permanece nebuloso. O Índice de Frete de Contêineres de Xangai (SCFI) está em 1.490 pontos, uma queda de 55% em relação ao ano passado, e acumula nove semanas consecutivas de baixa desde junho. A incerteza nas rotas para as Américas aumentou após os Estados Unidos anunciarem o prazo para a extensão da isenção de tarifas elevadas sobre produtos chineses.

No entanto, há um ponto de otimismo: a demanda por volume de carga em rotas que não incluem as Américas não mostrou uma desaceleração acentuada. Espera-se que o volume de carga nas rotas europeias, por exemplo, permaneça sólido.

Recompra de Ações como Fator-Chave

O futuro do preço das ações da HMM parece estar diretamente ligado ao seu plano de recompra de ações de R$ 7,8 bilhões, previsto para ocorrer ainda este ano. Com base na cotação atual, a empresa poderia adquirir aproximadamente 87,42 milhões de ações.

Bae Se-ho, analista da iM Securities, explica o possível impacto: “Se a recompra for realizada através de uma oferta pública com alocação proporcional aos acionistas, e excluindo as participações do Banco de Desenvolvimento da Coreia (KDB) e da Korea Ocean Business Corporation (KOBC), o número de ações em circulação diminuiria de 290 milhões para 265 milhões. Se a participação do KDB e da KOBC for menor que a sua proporção acionária, a quantidade de ações disponíveis no mercado poderia ser ainda menor.”

Revisão das Projeções e Opinião de Investimento

Diante do cenário desafiador, as projeções de lucro foram revisadas para baixo. A estimativa de lucro operacional para este ano foi cortada em 20%, de R$ 5,78 bilhões para R$ 4,63 bilhões. Para o próximo ano, a previsão foi reduzida em 15%, de R$ 2,87 bilhões para R$ 2,43 bilhões. “Considerando a redução do poder de compra dos consumidores americanos e o fato de que o pico de volume da alta temporada foi antecipado para o segundo trimestre, estamos reduzindo nossas previsões de lucro operacional”, afirmou Kang.

Devido a essa perspectiva, a recomendação de investimento foi alterada para “Manter” (Hold), com o analista observando que “além da oferta pública de recompra, é difícil encontrar outros pontos de investimento claros”. O novo preço-alvo foi calculado aplicando um desconto de 7,7% sobre o preço estimado da oferta pública. Esse desconto foi justificado pela expectativa de que, com a recente queda das ações, a demanda pela oferta de recompra excederá a oferta, o que significa que nem todos os acionistas conseguirão vender a totalidade de suas ações ao preço da oferta.