18 Outubro 2025

Kraft Heinz se dividirá em duas companhias uma década após megafusão

A Kraft Heinz anunciou que se dividirá em duas empresas independentes, revertendo grande parte da fusão de US$ 46 bilhões que, há quase uma década, criou uma das maiores gigantes do setor de alimentos do mundo.

A Nova Estrutura

A primeira das novas empresas, que ainda não teve seu nome oficial divulgado, se concentrará em refeições de longa duração e abrigará marcas como Heinz, Philadelphia e o macarrão com queijo da Kraft. Segundo a Kraft Heinz, esta companhia teria, por si só, uma receita líquida de US$ 15,4 bilhões em 2024, com aproximadamente 75% dessas vendas provenientes de molhos, cremes e condimentos.

A segunda empresa será focada em um “portfólio robusto de produtos básicos da América do Norte” e incluirá itens como Oscar Mayer, Kraft Singles e Lunchables. A previsão de receita líquida para esta operação é de aproximadamente US$ 10,4 bilhões em 2024.

As Razões por Trás da Separação

A decisão estratégica foi justificada pela necessidade de otimizar a gestão e o crescimento de portfólios distintos. “As marcas da Kraft Heinz são icônicas e queridas, mas a complexidade da nossa estrutura atual torna desafiador alocar capital de forma eficaz, priorizar iniciativas e impulsionar o crescimento em nossas áreas mais promissoras”, afirmou Miguel Patricio, presidente executivo do conselho da Kraft Heinz. “Ao nos separarmos em duas empresas, podemos dedicar o nível certo de atenção e recursos para destravar o potencial de cada marca, visando um melhor desempenho e a criação de valor a longo prazo para os acionistas.”

A transação está prevista para ser concluída no segundo semestre de 2026.

O Histórico da Fusão e Seus Desafios

O acordo que criou a Kraft Heinz em 2015 foi uma iniciativa da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, e da empresa de private equity 3G Capital. Embora os investidores tenham celebrado a fusão inicialmente, o otimismo começou a diminuir à medida que as vendas da empresa combinada nos Estados Unidos estagnaram e as preferências dos consumidores mudaram para opções mais saudáveis.

A situação se complicou em fevereiro de 2019, quando a Kraft Heinz revelou ter recebido uma intimação da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) relacionada às suas políticas contábeis e controles internos. A empresa também cortou seus dividendos em 36% e realizou uma baixa contábil de US$ 15,4 bilhões no valor das marcas Kraft e Oscar Mayer. Dias depois, Buffett admitiu à CNBC que a Berkshire Hathaway havia “pago caro demais” pela Kraft.

Seguiram-se uma reestruturação na liderança e mais baixas contábeis de marcas icônicas, como Maxwell House e Velveeta. A Kraft Heinz também começou a vender partes de seus negócios, incluindo a maior parte de sua unidade de queijos para a gigante francesa de laticínios Lactalis e sua divisão de nozes, com a marca Planters, para a Hormel. Apesar dos esforços de recuperação e investimentos em marcas como Lunchables e Capri Sun, as ações da Kraft Heinz caíram aproximadamente 60% desde o fechamento da fusão.

Liderança Futura e Tendências do Setor

O atual CEO da Kraft Heinz, Carlos Abrams-Rivera, atuará como diretor executivo da nova empresa focada em produtos de mercearia após a separação. O conselho da Kraft Heinz contratou uma firma de recrutamento executivo para encontrar um CEO para a outra companhia.

A divisão da Kraft Heinz acompanha uma tendência crescente entre grandes empresas de alimentos, que buscam se desmembrar para se desfazer de categorias de crescimento mais lento e reconquistar a confiança dos investidores. Em agosto, a Keurig Dr Pepper anunciou que desfará o acordo de 2018 que uniu a empresa de café à dona da 7 Up. E, há dois anos, a Kellogg desmembrou seu negócio de snacks, criando a Kellanova, e renomeou sua operação de cereais para WK Kellogg.