9 Julho 2025

Apple mira mercado de US$ 100 bilhões em nuvem e reforça aposta em serviços

Investida na nuvem pode colocar Apple frente a gigantes como AWS e Azure

A Apple está se preparando para entrar de vez no mercado de infraestrutura em nuvem, um setor estimado em cerca de US$ 100 bilhões. Segundo diversas fontes, a companhia está desenvolvendo um projeto interno, batizado de “Project ACDC” (Apple Chips in Data Centers), que visa oferecer aos desenvolvedores acesso a servidores equipados com os poderosos chips da linha M, projetados pela própria Apple.

Caso o plano vá adiante, a empresa passará a competir diretamente com gigantes do setor como Amazon Web Services (AWS), Microsoft Azure e Google Cloud. A ideia é expandir a vantagem de seus chips personalizados — que hoje impulsionam iPhones, iPads e Macs — para ambientes de data centers. A iniciativa teria ganhado força no início de 2024, mas seu futuro se tornou incerto após a saída de Michael Abbott, um dos executivos-chave por trás do projeto.

Apple já usa chips M internamente em seus serviços

Apesar da incerteza quanto ao lançamento público, a Apple já utiliza sua tecnologia em parte de seus serviços. Recursos como a busca no Apple Music e no aplicativo Fotos são processados por servidores com chips Apple Silicon, resultando em maior desempenho, economia de energia e redução nos custos de infraestrutura.

Esses chips M contam com motores neurais capazes de executar até 38 trilhões de operações por segundo, além de memória de alta largura de banda, com capacidade de até 800 GB por segundo. Os executivos da Apple acreditam que isso pode tornar a plataforma mais atraente financeiramente para desenvolvedores, superando servidores baseados em chips da Intel ou da AMD.

iCloud pode liderar nova fase da Apple na nuvem

Caso o serviço seja lançado ao público, é provável que ele seja integrado ao ecossistema do iCloud. Isso fortaleceria ainda mais o segmento de serviços da Apple, que arrecadou mais de US$ 23 bilhões apenas no segundo trimestre de 2025. Além disso, reduziria a dependência da empresa em relação a fornecedores externos — hoje, a Apple gasta cerca de US$ 1 bilhão por ano com a infraestrutura da AWS.

O setor de infraestrutura em nuvem é altamente lucrativo: apenas a AWS gerou US$ 25 bilhões em receita no primeiro trimestre de 2024. Mesmo uma pequena fatia desse mercado poderia impulsionar significativamente o crescimento dos serviços da Apple. No entanto, ainda não há cronograma oficial ou confirmação de lançamento público. Por enquanto, o Project ACDC permanece restrito aos bastidores da empresa.

Por que investir em ações da Apple agora pode ser uma jogada inteligente

Mesmo com um cenário desafiador, a Apple continua sendo uma das apostas mais sólidas do setor de tecnologia. A gigante de Cupertino foi a primeira empresa listada em bolsa a atingir os marcos de US$ 1 trilhão, US$ 2 trilhões e, posteriormente, US$ 3 trilhões em valor de mercado.

Em 2025, no entanto, as ações da Apple registraram uma queda de 14,5% até o dia 3 de julho, impactadas por temores em torno de tarifas comerciais e por um processo antitruste movido pelo governo dos EUA. Ainda assim, analistas veem oportunidades atrativas para investidores que desejam adquirir papéis da empresa com desconto.

Geração de caixa sólida e recompensas ao acionista

No segundo trimestre fiscal de 2025, encerrado em 29 de março, a Apple reportou uma receita de US$ 95,4 bilhões, aumento de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro por ação diluído subiu 8%, atingindo US$ 1,65 — um recorde para o trimestre de janeiro a março.

O fluxo de caixa operacional foi de US$ 24 bilhões, o que dá à Apple ampla margem para investir em pesquisa e desenvolvimento, realizar aquisições estratégicas e continuar premiando seus acionistas. Desde 2012, a Apple devolveu quase US$ 1 trilhão aos investidores, por meio de recompras de ações e dividendos — provavelmente mais do que qualquer outra empresa na história. No segundo trimestre de 2025, a diretoria aprovou mais US$ 100 bilhões em recompras.

Serviços lideram a margem de lucro da empresa

Outro pilar de destaque é o segmento de serviços da Apple, que inclui plataformas como Apple Pay, Apple TV+, iCloud e Apple Fitness+. No segundo trimestre, essa área gerou US$ 26,6 bilhões em receita, alta de 12% em relação ao ano anterior e novo recorde para a companhia. Embora a receita ainda represente menos da metade do faturamento com iPhones, os serviços são o setor mais lucrativo da Apple, com margem bruta de quase 76% — o dobro da margem dos produtos físicos.

Com uma estratégia centrada em inovação de chips, expansão de serviços e retorno ao acionista, a Apple mostra que, mesmo diante de desafios, continua sendo uma potência em crescimento — e uma forte candidata a manter seu protagonismo no setor de tecnologia nos próximos anos.