Gestor de fundo que lucrou na crise de 2008 volta ao mercado com aposta na volatilidade

Steve Diggle, renomado gestor de fundos, está de volta ao mundo dos investimentos com foco em volatilidade — o mesmo terreno que o tornou uma referência durante a crise financeira de 2008. À frente do Artradis, que chegou a ser o maior fundo hedge da Ásia, Diggle ficou conhecido por sua atuação no auge da turbulência global, quando lucrou bilhões ao apostar em eventos de risco extremo.
Naquela época, enquanto o mundo financeiro ruía com o colapso de bancos e ativos supervalorizados, o fundo especializado em “tail risk” — estratégias que se beneficiam de situações extremas e desfavoráveis no mercado — teve um desempenho notável. A carteira de Diggle, baseada em posições compradas em volatilidade e vendidas em risco de crédito, especialmente no então emergente mercado de swaps de crédito (CDS), mostrou-se extremamente eficaz em meio ao caos.
A lógica por trás da abordagem era clara: os mercados haviam subestimado o risco por anos, embalados por um ciclo de alta iniciado em 2002. Quando o colapso finalmente chegou, a estratégia pessimista de Diggle funcionou perfeitamente, dobrando o patrimônio do fundo e devolvendo cerca de US$ 3 bilhões aos investidores.
Agora, passados mais de 15 anos, Diggle enxerga sinais parecidos no cenário atual. Embora os tempos sejam outros, ele acredita que as distorções nos preços dos ativos e o excesso de confiança dos mercados voltaram a se intensificar. E, para ele, isso representa uma nova janela de oportunidade para estratégias focadas em volatilidade.
Sua reentrada no mercado acontece em um momento de incertezas crescentes, com tensões geopolíticas, inflação persistente e dúvidas sobre a sustentabilidade do crescimento econômico. Todos esses elementos, segundo Diggle, tornam o ambiente ideal para quem aposta em desequilíbrios e rupturas nos mercados financeiros.
Ao retomar a gestão de fundos com esse perfil, o investidor reforça sua visão de que períodos de tranquilidade muitas vezes escondem riscos profundos. Assim como em 2008, ele está se posicionando para o pior — e, caso o pior aconteça, espera estar entre os poucos preparados para lucrar com isso.
A trajetória de Steve Diggle serve como lembrete de que, em tempos de otimismo generalizado, estratégias contrárias — como a aposta na volatilidade — podem não apenas proteger, mas também render lucros expressivos. E ele está mais uma vez disposto a provar isso.